quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Rio de Janeiro continua lindo...

Como se não bastasse o terrorismo declarado oficialmente no estado do Rio de Janeiro vem a tormenta providenciada pela natureza, o que não foi varrido pelos (des)humanos será varrido com a água da chuva e a força do vento. Carros queimados, tanques de guerra, bombas-relógio, granadas, choro e pedidos de paz. O que chamam de Comunidade eu ainda chamo de Favela, mas estou pensando seriamente em chamar de campo de combate. Se houvesse uma trilha sonora seriam os sons de gritos e rajadas de balas acompanhado de explosões... Deixa pra lá, já tem essa trilha sonora. Neste momento, na Avenida Presidente Vargas, mais um ônibus arde em chamas iluminando as ruas solitárias do Estado. Este assunto poderia ir muito longe, mas não irá, temos uma Copa do Mundo e uma Olimpíada pela frente. 

Os adolescentes que desenharam os mapas do Rio de Janeiro para Counter Strike devem estar com a cara no chão neste momento, pois não chegaram nem perto da atmosfera do Rio. Quem sabe a imaginação deles não conseguiu ir tão longe por pensar que isso fugiria muito da realidade? Acho que já podemos ter um mapa com o Cristo Redentor sem os braços ou um Pão de Açúcar flambado. 

Sabe o que realmente me preocupa? É um pensamento egoísta, mas me preocupo se mais essa moda lançada em São Paulo e no Rio de Janeiro chegarem logo aqui no Sul. O trânsito já está caótico, temos Cracolândias, Máfia dos taxistas, criminosos mandando ordens de dentro dos presídios, alunos de escolas espancando professores... 

Que podemos esperar do futuro dessa forma?


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Por onde passo...

Não é de hoje que mostro minha insatisfação com a cidade de São Paulo, desde o trânsito complexo e ruas sujas até as pessoas que caminham com olhos baixos com sol ou com chuva. Quando vejo o comercial publicitário com o slogan Vem pra São Paulo eu chego a sorrir por um dos lados da boca e penso em como as pessoas comuns se sentirão ao ver que na vida real nada é como a TV mostra.

Independente de tudo isso eu ainda tento achar o que há de bom em São Paulo, além do Paul McCartney e do Tokyo Hotel que passaram por aqui esta semana. O que tem de bom também na mesma proporção tem de ruim, foram 64km de congestionamento. O que fazer para passar essa má impressão? Olhar a paisagem, afinal de contas entre o meu hotel e o local do treinamento que estou fazendo são 15 minutos. Bom, na verdade não, mas deveria em uma situação de trânsito normal já que hoje demorou 50 minutos. O que me esperava na paisagem?

Bairro Santana, Penitenciária Feminina, Silvia Design, chamou a atenção a fachada da loja, muito encantadora por sinal. Santa Eulália, Tietê, este só passando por cima, felizmente nada de marginal, mas o cheiro é com certeza inesquecível. Radial, de onde venho isso é um tipo de pneu, mas aqui é como se fosse nossa perimetral. Catedrais, muitas catedrais, nem consegui ver o nome de todas, decidi ignorar o que estava escrito com spray e grafite. Auditório da FATEC-SP, em reforma, lugar bacana. Tiradentes, Quartel General da ROTA e então a Pinacoteca do Estado, este último um lugar a se dedicar um tempo, estrutura fantástica. Passagem subterrânea Tom Jobim, no mínimo estranho... Túnel Papa João Paulo II, muitas e muitas buzinas. Rua 9 de Julho, finalmente a velocidade do táxi desenvolve e não consigo ver mais nada, nem o nome das ruas e muito menos os detalhes dos prédios antigos. Última parada, MASP. MASP... para não perder a esperança.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ENEM que eu quisesse poderia...

Este poderia ser mais um daqueles textos que comentam sobre as bizzarices que os participantes do ENEM escrevem ou falam durante a prova, o que poderia fazer com que ele ficasse muito extenso. No entanto, este não é o caso. 

Este final de semana dediquei a aplicação de provas deste evento nacional e vi no olhar de alguns participantes a importância que essa prova possui, não apenas como realização pessoal, mas como uma porta a ser aberta para o futuro. E muitos, acreditem, se dedicaram a ela. Ver essa dedicação e esse apresso profundo se desfazer ao receberem a notícia de que ela pode ser anulada é triste e desumano. O olhar fixo na tela da televisão como se fosse uma brincadeira de mau gosto ou um pesadelo a notícia de que nada do seu esforço será aproveitado. Ninguém tem o direito de mexer com a esperança daqueles que a ela se agarram com unhas e dentes, mas aconteceu.

Acredito que, como em toda empresa, a equipe técnica deve estar empenhada em mostrar o seu melhor, mas em algum departamento ocorre aquilo que tanto medo tenho, o surgimento de alguém desinteressado ou que não dê a devida importância ao processo. Pessoas assim são como aquela peça de engenharia desenvolvida de forma a apresentar defeito um dia para garantir a demanda de manutenção. Isso existe sim! São estas criaturas de aparecem nos termos de serviço de alta disponibilidade. No contrato diz que a empresa contratada garante 99,99% de disponibilidade do serviço. Perceberam onde as criaturas estão? Naquele 0,01% de possibilidade de falha completa. A prova do ENEM teve seu 0,01% ao deixar de ser conferida com rigor. Nem quero mencionar os aplicadores que deixaram alguns participantes enviar os dados da prova para o Twitter durante a prova... desses eu não espero mais nada. 

Noventa questões no sábado e mais noventa questões no domingo com uma redação. Cansativo e tenso... De quem vamos rir? Dos participantes que nem lembram que redação possui título? Daqueles que não sabem que o Trapézio não é um triângulo? Não há graça desta vez. Anular uma prova que além de gastos públicos prejudicou a  auto-estima dos estudantes e a sua credibilidade não é de rir, mas de chorar. 

O Caminhão de Lixo

Um conto apenas, mas como tantos outros tem muito a ensinar.

Um dia peguei um taxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa, quando de repente um carro preto saiu de repente do estacionamento na nossa frente. O taxista pisou no freio bruscamente, deslizou e escapou de bater em outro carro, foi por um triz!

O motorista do outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente. Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável. Indignado lhe perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro, a nós e quase nos manda para o hospital!' Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo de   "A Lei do Caminhão de Lixo."

Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por ai  carregadas de lixo, cheias de frustrações, cheias de raiva, traumas e desapontamento. À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes descarregam sobre a gente. Nunca tome isso como pessoal.
Isto não é problema seu! É dele! Apenas sorria, acene, deseje-lhes sempre o bem, e vá em frente.

Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, EM CASA, ou nas ruas.
Fique tranquilo... respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR. O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo  estragarem o seu dia. A vida é muito curta, não leve lixo com você! Limpe os sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustações.

Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Terapia me ocupando


A arte de escrever nada mais é do que uma terapia para quem não a tem como profissão. Poderia dizer um hobbie, mas não para mim, é terapia mesmo. Ela é como um centro de auto-ajuda profissional, espiritual e social. Acreditem, no ato de escrever e ler o que foi escrito antes de enviar ou publicar nós obtemos um novo ponto de vista a cada leitura. 

Já experimentei momentos de fúria ou desordem que puderam ser controlados com o simples ato de escrever, ler, alterar o que foi escrito e finalmente apagar tudo. Com o texto que foi apagado se foram também os maus pensamentos, as mágoas e principalmente e tristeza. Costumo dizer que guardar mágoas pode criar uma úlcera, pois guardamos dentro de nós aquela sensação ruim, daninha e por que não dizer mesquinha.

O que escrevo agora pode ser lido depois, mas o que apaguei com certeza jamais será visto, pois deixou de existir (ainda bem). Ao contrário da palavra dita, que não pode ser voltar, as palavras escritas não precisam sair do papel para ganhar vida. Matamos as palavras por um bem maior, o nosso próprio bem e o dos outros. Ninguém é obrigado a ouvir o que não quer, mas e quando ouvimos sem pedir o que deveríamos fazer? Por questão de educação ou paciência (sem falar na necessidade) deixamos o som entrar em nossas mentes e regurgitamos aquilo por dias até. Como mandar embora essa coisa ruim que fica a nos corroer por dentro? Eis a resposta: escrever.

Enquanto espero meu vôo estou a escrever, não que tenha algo de desagradável a remover, mas por simples prazer. Quem disse que as terapias não são prazerosas é quem gosta simplesmente de sofrer.  Ainda mais que as terapias são um tratamento e como tal possuem uma dosagem de tempos em tempos. Meu tempo de escrever está escasso, mas sempre que posso volto a construir alguns parágrafos, mesmo que apenas em minha mente. Funciona como um editor de textos em um notebook com pouca bateria, não dará tempo de salvar antes que ela acabe. Como a bateria acabou de repente eu simplesmente não consegui salvar o que tinha em mente e ficou por nunca ser escrito. Esse trecho metafórico não precisa lembrar que existem recursos avançados para salvar os documentos antes da bateria acabar, eu simplesmente estaria usando um notebook com um sistema operacional arcaico e pronto.

Será uma pena não poder mostrar a todos o que pensei (já que editei mentalmente) ou quem sabe foi melhor assim? Difícil dizer, mas uma coisa é certa: esta terapia funciona muito bem.  

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As novelas de sempre

A novela do horário nobre da Globo está acabando (finalmente!), mas as novelas do Governo Federal continuam. Eu gostaria realmente de acreditar que o PNBL (Plano Nacional de Bunda Banda Larga) vai ser alguma coisa boa para todos, mas não consigo e a culpa é deles. Cada vez que leio uma nova notícia sobre ele percebo que haverá um novo capítulo sem desfecho final. 

O novo presidente da Telebrás, Rogério Santanna, disse que se não tiver apoio privado  terá de reinventar, usar medidas criativas para entregar o serviço ao usuário final, mesmo não sendo esta a finalidade da estatal. Penso então que será possível entregar banda larga de carroça nos confins do Brasil? Ou quem sabe usar dois copos plásticos com um barbante colado no fundo de cada, só não pode esquecer de esticar o barbante!

Não é uma opção reinventar coisas quando se trata de serviços com qualidade. Ninguém precisou reinventar a roda porque ela é perfeita para a função. No máximo precisou ser aprimorada com alguns itens opcionais, mas foi só isso. A função dela é girar, não importam as conexões que ela receba, ela deve girar. O que pode atrapalhar são as conexões, o terreno ou até mesmo a má vontade de alguém que esteja tentando impedi-la de girar, mas ela é perfeita para girar.

Quando iniciaram essa novela eu fiquei feliz, mas depois de alguns capítulos percebi que ela é mais um dramalhão mexicano com nomes duplos e emoções vazias. Eu já deveria esperar que sairia caro, demorado e não viria para todos. Corrigindo, a conta vem para todos! Lá vamos nós novamente pagar para que os sem-terra tenham internet e para os indígenas acompanharem as novidades Bolivarianas. 
  
Em tempo: ao lado de minha residência há um loteamento popular com umas 250 moradias e toda a infra-estrutura de cabeamento telefônico é de fibra óptica. Bom saber foi que a alimentação do cofre de distribuição  desta rede é analógica e de fiação simples. É como ter um aeroporto internacional para pouso e decolagem de mosquitos, um de cada vez.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tem alguém aí?


Um pedido de silêncio e um pedido de resposta... tão difícil quanto não ser atendido o primeiro é não saber resposta ao segundo. E a cada segundo um pouco de esperança se vai, mas não sabemos quanto de esperança cada um tem, quanto cada um suporta para saber o quanto se pode esperar. Talvez dependa não apenas da importância de cada vida, mas da vida daqueles que conhecemos. Olhar as cenas da tragédia anunciada no Rio de Janeiro não é diferente das cenas das tragédias de outras cidades como Angra, o impacto é o mesmo, mas saber que poderia ter sido evitado é outra história. E essas histórias ainda serão contadas outras vezes e em outras localidades.

Na mais pura linguaguem de um morador "... virou cemitério. Game over pro Morro do Bumba.". Jogo? Sim, pra quem não sabe estamos todos participando do jogo da vida, onde não há segunda chance, o que temos de fazer deve ser feito agora e se escapar com vida dizem ser nascer de novo, não creio. Não escapam, vivem para contar os mortos e continuar a vida. Aqueles que deixaram isso acontecer não terão sono profundo, serão acordados pela culpa. Aqueles que conseguiram escapar não poderão dormir tranqüilamente, ouvirão árvores rachando e terra descendo nas noites silenciosas. Aqueles que ajudaram a resgatar vidas não conseguirão descansar, pois em suas mentes o descanço é tempo que demanda salvar outras vidas. Nós que estamos a olhar como podemos ficar alheios a isso? Não podemos, o coração dos bons não permite sossegar.

Cada um pode ajudar, de uma forma ou de outra. Alguns com donativos, outros com palavras de conforto. Posso expressar minha tristeza e fazer um minuto de silêncio em nome daqueles que se foram, assim como posso transformar em palavras o que sinto. Assim, quem sabe, faço bater os corações daqueles que nos tempos de hoje ainda acham que isso é normal, afinal o fim do mundo está chegando. O fim do mundo começa em nós mesmos, quando fechamos o coração para aqueles que precisam. Ao ignorar nosso próximo decretamos o fim da existência humana.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mizaru, Kikazaru e Iwazaru

Entre minhas atribuições diárias criei o agradável e saudável hábito de ler artigos jornalísticos, de amigos e de outras fontes que considero interessantes, devo dizer que isso é muito gratificante. Mesmo antes de resolver ficar bem informado pela manhã eu já possuía outro hábito que considero saudável, ouvir boa música durante meu percurso até o serviço. Considerem que o termo boa música como algo exclusivo, pois cada um tem seu próprio gosto pela música e não vou entrar em conflito com ninguém. Lógico que este é um hábito mentalmente saudável, porem fisicamente falando, os meus tímpanos não gostaram da idéia.

E quais os motivos que me levam a ouvir música e não se relacionar com os demais a minha volta? Uma cotovelada de leve, uma piscada de olho e um sorriso acompanhados de um "Oi, será que chove hoje?". Não, esse não sou eu. Um ônibus cheio até o metrô, um metrô cheio até outro ponto de ônibus e finalmente mais um ônibus até o ponto onde desço para meu serviço, isso está mais parecido comigo. São aproximadamente 75 minutos de percurso ouvindo pessoas reclamando do horário que precisam acordar, do serviço que têm de fazer, dos vizinhos que brigam toda a noite, da família que não ajuda, do ônibus que está lotado e de tudo que for possível culpar pelos descontentamentos que possuem. Queriam todos ganhar na Megasena ou terem nascido em berço de ouro, passar o dia na rede e bebendo champagne... eu até gostaria que isso acontecesse, assim teriam mais poltronas livres pra mim e quem sabe nem precisaria mais ouvir música, poderia admirar a paisagem rural.

Decidi que é melhor procurar as coisas boas e manter distância das obscuras. Já deixei de conversar com pessoas queridas porque todos os seus assuntos eram desgraças e de certa forma elas conseguiram superar este vício e agora as conversas são mais cultas e cheias de alegrias. Uma das formas de manter a mente com saúde é bloquear a entrada de coisas ruins e então finalmente chego onde quero, os três macacos!

Mizaru (o que fecha os olhos)
Kikazaru (o que tapa os ouvidos)
Iwazaru (o que veda a boca)

Quem não conhece as estátuas destes símios? E quem conhece o significado? Com um pouco de paciência e pesquisa científica descubro que os três macacos são de origem japonesa e que nos alertam para “não ouvir o mal”, “não falar o mal” e “não ver o mal”. Incrível como estas três missões críticas de nossa existência podem ser consolidadas em uma gostosa atividade cultural, ouvir boa música. Na teoria estes ensinamentos levam a um mundo de paz e harmonia entre os homens (e mulheres).

E então? Alguém mais quer desligar a televisão, rasgar o Diário Gaúcho e desmarcar a Rádio Cidade da memória do dial? Eu faço minha parte por um mundo melhor.

Nota: O filme Planeta dos Macacos não leva em consideração estes ensinamentos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Demonstração de afeto

Adoro cães. Simples assim, como no comercial da Oi. Uma declaração normal para aqueles que me conhecem de longa jornada, mas pouco mais de um ano estou com algumas criaturas diferentes na minha casa, aliás, o avesso dos cães. Estou falando de gatos, estes felinos domésticos que muitos consideram preguiçosos, cheios de manias, egoístas e principalmente interesseiros. Desde os tempos mais primórdios contam histórias dos gatos e inclusive esta fama chegou aos cinemas com filmes que retratam como eles são seres dispostos a tudo pelo seu próprio conforto sem se preocupar com os demais.

Desenhos animados antigos retratavam os gatos sempre como os caras maus da trama ou o tipo que tende a armar a confusão e perder a parada. Quem é das antigas (eu, eu e eu!) lembra como o Danger Mouse tinha de enfrentar os malignos gatos, o Manda-chuva com as sua esperteza ao estilo do carioca Dicró, os gatos do filme Como Cães e Gatos e afins. Felizmente existiram os Thundercats! Não vou comentar o musical Cats, nunca fomos apresentados.

Mas a questão é que depois de conviver tanto tempo com eles percebi que as demonstrações de carinho, gratidão e respeito existem de tal forma que eles conseguem ser tão ou mais amigos que os cães. Não menosprezando meus amigos de infância, os cachorros, mas a forma é diferente e ainda assim muito especial. Alguns de nossos gatos (oito até o momento) foram salvos de uma tempestade e não estavam lá a passeio. Quem quer que tenha abandonado eles ainda filhotes ao relento da noite e do frio não faz ideia do sofrimento que eles devem ter passado até serem encontrados por nós. Outros foram jogados em nosso pátio enrolados dentro de uma jornal como uma bola a ser encestada no lixo ou retirados da boca de um cachorro que não deve ter percebido que estava mastigando um ser vivo e indefeso. Assim como um filho adotado eles demonstram toda a sua gratidão e nos recompensam de forma única.

Brinco com os amigos ao dizer que quando me apaixonei por minha esposa acabei prometendo mais do que devia. Sim, tu podes ter dez gatos disse eu. Hoje não me arrependo, pois são os filhos que não tenho. Me acordam de manhã, miando para poderem fazer aqueles coisas que gatos fazem na rua... Levo eles para passear no pátio, afinal de contas eles precisam de segurança ao sair, nunca se sabe o que há na grama ou ao lado do carro. Tomam café comigo, divido o meu pão com eles e por tabela me ajudam a emagrecer, já que atualmente apenas metade sobra pra mim. Ah, divido o leite também, pois se não faço isso então uma das gatas, que aprendeu a escalar minha perna até a cintura, fica me olhando com aquela cara de pedinte e miando desesperada. Me dão tchau quando saio para o trabalho, da forma deles, juntam-se em cima do portão e ficam me olhando sumir no horizonte.

Quando chego em casa eles são os primeiros a me receber no portão, antes mesmo do meu único cachorro. Este por sua vez não consegue chegar perto de mim, pois leva alguns tapas dos meus filhotes como se dissessem para trás, não sabe quem ele é? Quando deito para dormir sou massageado por patas pequenas e de unhas afiadas tentando ajeitar um canto quente enquanto ronronam tal qual um motor de BMW aguardando para ser acelerado. Claro, minha esposa tem que disputar a atenção também, afinal de contas gatos são muito espaçosos. Miam em tons e formas diferentes, sei reconhecer cada um deles, afinal de contas são únicos, são meus filhotes.

Gatos não são preguiçosos, eles apenas têm o seu próprio tempo. Gatos não são cheios de manias, todos temos nosso jeito de ser, eles têm o deles. Gatos não são egoístas, eles aguardam a hora certa de serem carinhosos e sabem dividir suas alegrias e tristezas. Gatos não são interesseiros, eles gostam de quem gosta deles, isso é errado?

E quando eu tiver meus filhos, devem estar se perguntando, haverá espaço para os gatos? Claro, somos uma família. Meus filhos crescerão aprendendo a respeitar seus semelhantes e principalmente que animais têm alma. O mundo seria um lugar melhor se todos soubessem disso.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Você "joga" com o "coração"?

Coração ou razão? Bons ou maus? Ontem fui novamente forçado a assistir (tv no quarto e esposa que gosta do programa) uma eliminação do BBB e durante a saída da participante que mais parecia uma gralha alucinada (Anamara) ouvi ela dizer algo do tipo "Os bons vão vencer os maus...". As pessoas ainda insistem nessa idéia absurda de que há alguém maléfico naquela casa desde os primeiros programas. Sim, eu já assisti isso a algum tempo atrás, mas passou. Claro que não tem pessoas realmente más, são apenas o reflexo da sociedade e como qualquer outra pessoa eles quer ganhar o prêmio final. Reflexo de uma grande parte da sociedade na verdade (92 milhões de votos...), pois é a sociedade que escolhe quem fica e quem sai. Nada mais simples e ainda tem gente que chora por um ou outro. Quero mais é que esta última semana de programa aconteça para que as noites sejam um pouco, só um pouco, mais cultas. (Isso seria possível atualmente na tv aberta?)

Cuidar da própria vida já é difícil, imagina ter que ficar cuidando da vida de um bando de pessoas que brigam, reclamam, se xingam constantemente, fazem intrigas e ainda por cima se rotulam como bons ou maus. Muitas pessoas pegam desgraças para si e depois reclamam do fardo como se tivessem sido amaldiçoadas, mas quem foi mesmo que pegou as desgraças? Acredito em jogos e nas suas regras e se tu entra num jogo sabendo das regras tem que jogar para ganhar. Não aceitou as regras, então não joga. Objetividade é a palavra e quem está ganhando este jogo é quem está jogando, afinal de contas esse é o objetivo.

Esgotado o assunto espero que não me achem uma pessoa má, mas sim alguém que tem que cuidar da própria vida. Tenho o longínquo jogo da vida para terminar e nem sequer sei o prêmio... mas vai ser meu!

terça-feira, 23 de março de 2010

O que se passa na mente?

Os mistérios do universo jamais serão explicados, assim como não há como explicar o que se passa na mente humana. Corrigindo, explicar pode até ter como, mas não há como justificar a maldade ou a bondade ou ainda as razões pelas quais as pessoas tomam determinadas atitudes. De onde minha família vem as pessoas trabalham, trabalham e se divertem aos finais de semana com os familiares, amigos e vizinhos. Depois trabalham, trabalham e trabalham... Não fui criado na colônia, mas meu pai foi e quando me dizia que mente ocupada não pensa bobagem era por experiência própria. Uma experiência de vida única, pois cada um tem a sua, mas que serve para todos.

Hoje penso se acompanho o caso Nardoni ou se deixo passar em branco, mas não decidi ainda. Tantas as tentativas de explicação e nenhuma resposta, apenas uma certeza: a verdade está dentro da mente daquele homem. E como arrancá-la de dentro de sua mente? Se é que tem como uma coisa dessas ser realizada. Onde a mente humana está nessas horas? Onde está o lobo frontal para tomar decisões e avaliar as conseqüências dos seus atos? Se é verdade o que ele diz então como explicar o que aconteceu? Quem fez essa monstruosidade que na verdade acontece diariamente com tantas outras crianças e nem sabemos? E se não for verdade, então por quanto tempo a mente humana pode resistir à culpa e aos sentimentos de remorso? Perder/descartar uma filha de tal forma e manter-se sereno é possível? Aliás, ele está sereno após todo esse tempo?

Digo que sou escravo do tempo, parte por não ter tempo e parte por não saber gerenciar o tempo que tenho (isso é confuso, gerenciar o que não se tem), mas o tempo é a única coisa que faz diferença neste caso. Tudo está baseado no tempo, não preciso nem entrar em detalhes. Tempo de subir, tempo de descer, tempo de ligar para a emergência, tempo de ligar para os pais, tempo de convivência...

Recentemente assisti ao filme Atividade Paranormal (versão 2007), mas não vou falar sobre o filme e sim sobre o que acontece no meio e no final (não vou contar o final, podem deixar). Uma pessoa é possuída e perde a noção do tempo, do espaço, das suas ações e quando está novamente no mundo não sabe do que aconteceu, sua mente na verdade nunca registrou o que aconteceu... Se são realmente inocentes então algo sobrenatural aconteceu com esta família. Confio na perícia que está atuando neste caso, eles são muito experientes e sabem o que fazem, mas como explicar a mente humana? Os motivos, as ações e a índole podem ser explicadas?

Não muito longe disso existem duas frases que deixo no ar:
"Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade." (não sei o autor)
"A verdade está no coração das pessoas e somente Uma pessoa pode entrar no coração de todos." (minha)

segunda-feira, 15 de março de 2010

De bem consigo mesmo, de bem com o outro.

Trabalhar para melhorar a própria cabeça não é egocentrismo: é caridade. Porque uma pessoa complicada, dentro do grupo, dá trabalho ao grupo. Dentro da família, dá trabalho à família. (...) Se você busca se conhecer, ordenar suas emoções, você está ajudando as pessoas que precisam estar com você. Já pensou nisto?

Estas palavras se referem à convivência humana em suas mais diferentes modalidades, como grupos, turmas, profissão, etc. Na família, suas implicações são profundas.

Todos nós temos um lado sadio e um lado doente. O lado sadio pode ser representado, entre outras características, pela espontaneidade, pela alegria, pela confiança e pelo afeto. O lado doente é o da inveja, do ciúme, do medo e da rigidez. Só de olhar, dá para perceber logo quais delas contribuem para melhorar nossa vida e quais nos atrapalham.

Acontece que nem sempre nosso nível atual de autoconhecimento nos revela quem verdadeiramente somos. Aspectos sadios ou doentios nossos podem estar ocultos, camuflados, confundidos com outras coisas.

Quem não percebe ou não admite seu lado doente costuma despejá-lo sobre os outros, como uma fumaça tóxica, como um ácido que corrói as relações humanas.

O que fazer, então, se todos temos um complexo de sentimentos e emoções contraditórias, conhecidas e desconhecidas, dentro de nós? A resposta não está lá fora, está bem aqui. Nosso engano está em culpar os outros pelo nosso modo de sentir e de pensar, e em esperar que o mundo em volta mude pra que fiquemos melhor.

Geralmente, é assim que esses “outros” também pensam, aguardando que nos modifiquemos.

Aceitando que não somos aquilo que gostaríamos de ser, acolhendo nosso lado doentio como um amigo que necessita de cuidados, estabelecendo um acordo de paz conosco mesmos, muitos resultados positivos advirão.Fazendo isto, abandonamos o orgulho e a arrogância e abraçamos a humildade, grande fonte de harmonia interior.

Afinal, todos podem ter fragilidades, tanto o outro quanto eu mesmo(a).

No entanto, observe: convivemos com os outros por algum tempo, durante horas ou dias. Porém, só nós mesmos vivemos conosco 100% do tempo!

Muitas vezes, viver conosco não é fácil, é frustrante ou surpreendente. Mas o mais curioso é que pessoas que se dão bem consigo mesmas costumam dar-se bem com as outras. Diminuem o nível de cobranças, tornam-se mais sensíveis e compreensivas.

O caminho para melhorar nossa vida e nossa relação com familiares e colegas, portanto, é um caminho para dentro de nós mesmos. Então, pergunte-se agora: Como posso passar e me sentir melhor comigo mesmo? O que minha alma me pede? O que preciso para ter paz?

Perdoar mais? As pessoas são como são e freqüentemente fazem o que fazem, não para nos atingir, mas para serem elas mesmas.

Aprender mais? Um amigo espiritual, Simon, escreveu certa vez que “aprender é mais importante que saber”. Retirar ensinamentos de tudo que vivemos é um jeito positivo de lidar com as mais complicadas situações.

Compreender melhor? A compreensão é uma das qualidades de quem aproveitou as experiências da vida para crescer.

Ser fiel a si mesmo? Acreditar nas próprias idéias e transformá-las em palavras e atos é ter fé nAquele que nos criou com um propósito evolutivo.

Dizer a verdade?... Ouvir a verdade?...

Chorar mais?... Rir mais?...