quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Terapia me ocupando


A arte de escrever nada mais é do que uma terapia para quem não a tem como profissão. Poderia dizer um hobbie, mas não para mim, é terapia mesmo. Ela é como um centro de auto-ajuda profissional, espiritual e social. Acreditem, no ato de escrever e ler o que foi escrito antes de enviar ou publicar nós obtemos um novo ponto de vista a cada leitura. 

Já experimentei momentos de fúria ou desordem que puderam ser controlados com o simples ato de escrever, ler, alterar o que foi escrito e finalmente apagar tudo. Com o texto que foi apagado se foram também os maus pensamentos, as mágoas e principalmente e tristeza. Costumo dizer que guardar mágoas pode criar uma úlcera, pois guardamos dentro de nós aquela sensação ruim, daninha e por que não dizer mesquinha.

O que escrevo agora pode ser lido depois, mas o que apaguei com certeza jamais será visto, pois deixou de existir (ainda bem). Ao contrário da palavra dita, que não pode ser voltar, as palavras escritas não precisam sair do papel para ganhar vida. Matamos as palavras por um bem maior, o nosso próprio bem e o dos outros. Ninguém é obrigado a ouvir o que não quer, mas e quando ouvimos sem pedir o que deveríamos fazer? Por questão de educação ou paciência (sem falar na necessidade) deixamos o som entrar em nossas mentes e regurgitamos aquilo por dias até. Como mandar embora essa coisa ruim que fica a nos corroer por dentro? Eis a resposta: escrever.

Enquanto espero meu vôo estou a escrever, não que tenha algo de desagradável a remover, mas por simples prazer. Quem disse que as terapias não são prazerosas é quem gosta simplesmente de sofrer.  Ainda mais que as terapias são um tratamento e como tal possuem uma dosagem de tempos em tempos. Meu tempo de escrever está escasso, mas sempre que posso volto a construir alguns parágrafos, mesmo que apenas em minha mente. Funciona como um editor de textos em um notebook com pouca bateria, não dará tempo de salvar antes que ela acabe. Como a bateria acabou de repente eu simplesmente não consegui salvar o que tinha em mente e ficou por nunca ser escrito. Esse trecho metafórico não precisa lembrar que existem recursos avançados para salvar os documentos antes da bateria acabar, eu simplesmente estaria usando um notebook com um sistema operacional arcaico e pronto.

Será uma pena não poder mostrar a todos o que pensei (já que editei mentalmente) ou quem sabe foi melhor assim? Difícil dizer, mas uma coisa é certa: esta terapia funciona muito bem.