Nada melhor do que não ter coração, pois os sentimentos de despedida são tão simples de explicar como um pulo nas águas geladas onde afundou o Titanic, principalmente com o tal iceberg que estava lá olhado tudo como se não fosse culpa dele.
Neste ponto imagino quem é o Titanic, quem é o iceberg e quem são as pessoas na água... e não posso esquecer que além de pessoas na água há pessoas no barco que está afundando e ainda não decidiram se pulam ou se esperam mais um pouco. Pessoas que apenas prolongam o sofrimento, já que se despedem dos que pularam e não haverá ninguém para se despedir delas.
Qual dos elementos eu sou? Realmente gostaria de ser apenas a rocha, no fundo do oceano. Elemento este que não está no contexto do destino, está acostumado ao peso do mar, ao frio e à solidão. Passa o tempo a ver embarcações indo e vindo, encontros e desencontros entre icebergs e grandes navios que se achavam onipotentes, corpos sem vida e que muitas vezes já estavam mortos mesmo em vida, bastava alguém para lhes dizer a verdade. Uma rocha não tem vida, mas de que adianta ter se não poderia aproveitar a vida que tem.
Longa vida ao oceano! E longa vida é o que precisamos, mas apenas se formos seguir em frente sem desanimar com o destino que nos reserva tantas surpresas.