segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Brasil com cigarro

Quando vi a chamada para o novo quadro do Fantástico fiquei curioso para saber como ele foi permitido pelas grandes empresas de tabaco, tanto no Brasil quanto no mundo. Afinal de contas, estaria a gigante de comunicação se rebelando contra um dos maiores mercados de drogas permitidas pelo governo, além do álcool e da torcida do Corintians? Não consegui ver a estréia, mas graças a uma coisa chamada Youtube eu assisti ao programa inicial. Nada que já não se saiba, nada que já não seja ignorado por aqueles que fumam, nada que já não esteja no jogo da memória que é distribuído gratuitamente no verso das carteiras de cigarro.

Na semana posterior ao programa, estava eu na parada do ônibus, aguardando o meu que estava atrasado, e um senhor acendeu um cigarro contra o vento. Contra o meu vento... mudei de lado na parada. Ao meu lado um rapaz olhou que o senhor fumava e mais que prontamente puxou um cigarro do bolso e pediu para acender o dele também. Cena comum, todos já devem ter visto isso, sem que haja uma explicação para um fumante que não carregue consigo um isqueiro ou caixa de fósforos. Cigarro aceso, se sentou contra o meu vento também, sem se tocar do fato de que eu já havia trocado de lado por causa do cigarro alheio. Aliás, seus olhos só tinham um ponto fixo, a luz vermelha do cigarro. Pedi para trocar de lugar com ele, com educação, e com educação ele trocou de lugar comigo. Simples assim. Não gostar do cigarro não é motivo para não gostarmos das pessoas ou tratarmos ela com indiferença.

Não posso ir contra o vício das pessoas, o negócio é fazer como a água e desviar dos obstáculos. Não sou senhor da verdade e muito menos dou conselhos, só se pedirem e pagarem o preço de ouvir. O senhor que acendeu o cigarro veio conversar comigo, após terminar o cigarro, e pediu desculpas por não perceber que estava contra o vento e comentou sobre o programa do Drauzio. Disse que nem pensou em parar, que fuma a mais de 40 anos, que não tem mais volta. O rapaz apenas disse que é jovem, pode fumar por muito tempo e se quiser pode parar. Outro fato que os dois comentaram é que os pais fumaram por muito tempo e que seus avós fumaram até os noventa anos. Ora, se eles viveram até os noventa anos fumando, porque os jovens não podem fumar? Mas como disse, não dou conselhos e muito menos sou o senhor da verdade.

Fatos são fatos e não podem ser negados, meu pai fumou e bebeu desde os 13 anos de idade e morreu aos 60 anos devido a um câncer nos pulmões que se alastrou pelos ossos e demais órgãos. Meu pai morreu na véspera do dia dos pais. Meu pai também dizia que não havia volta e que se quisesse parar até poderia, mas acabaria preenchendo este vazio com algum outro vício.

Claro que sei a resposta da pergunta inicial. As empresas de tabaco sabem que todo e qualquer vício não pode ser largado de um domingo para o outro e que, entre todos os vícios, o do cigarro é comparável ao álcool, maconha, crack e afins que podem ser consumidos por quem tem pouco dinheiro, as massas pobres. São elas que sustentam as empresas e os traficantes de uma forma geral. Não é simples parar, ainda mais quando as pessoas não querem parar ou não estão cientes de que este é um problema cultural.   

Cada um é dono de si e deve arcar com as conseqüências de seus atos, sem esquecer que a sua liberdade acaba quando fere o direito do próximo. Pense nisso, entre uma tragada e outra.

Tiro certeiro

Mais um ministeriável se esconde embaixo da mesa. Disse que só sairia à bala! Pois bem, ao ver que apontaram o canhão para o seu castelo de areia, decidiu entrar num buraco antes que atirassem. Não são apenas os indivíduos desprovidos de estatura que possuem pernas curtas, a mentira também. E mentiras ministeriais são sempre maiores, por mais que tentem esconder os fatos.

O tapete deve ser muito grande mesmo para guardar tanta sujeira embaixo, ou melhor, tantos ministros. Talvez seja por isso que Belo Monte está sendo criada, para lavar o tapete.