quinta-feira, 12 de maio de 2011

Diário Paulista III

Nem tudo que parece ruim é, pode ser muito pior ou pode ser bom. Esta semana em São Paulo ocorrem alguns eventos importantes como a 27a APAS - Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados, a 4a Interdidática - Feira das Industrias e Fornecedores de Produtos, Serviços e Tecnologias da Educação, 7a SP Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo e sábado começa a 16a Toys, Parties & Christmas Fair. Muitos eventos na cidade que não comporta nem mesmo os que já habitam nela.

Tudo bem, não serei o azedo de sempre, vamos ver os contras e os prós: os contras são que não há prós... ou seja, fiquei sem hotel para ficar os meus cinco dias de treinamento. Não por completo, mas pelo menos em um em que eu pudesse ficar quatro dias seguidos. Hoje estou no terceiro hotel diferente, um para cada dia. Até que é uma experiencia interessante, cada hotel em um ponto diferente da cidade e com características diferentes. Achar que as coisas são ruins apenas porque não estão como se quer não significa que seja ruim, não mesmo.

Sabem o que é o melhor? Apesar dos hotéis não serem muito longes uns dos outros, os caminhos são diferentes, ou seja, mais turismo pela cidade que nunca dorme. Aliás, não deve dormir porque ninguém consegue chegar em casa. Do prédio da Impacta até o hotel de hoje são 4km, que foram feitos em aproximadamente uma hora. Pressa, eu? Imagina, consegui mapear a cidade igual ao carro do Google.

Outra coisa interesante, todos os hotéis são perto do Aeroporto de Congonhas e não tem como não ver os aviões pousando, afinal é como se eles fossem brincar de 11 de setembro... 

Chega, vou dormir, os aviões deixaram de ter graça faz tempos.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Diário Paulista II

Sem internet num mundo de conectividade, como é possível? Simples, basta ficar em um hotel que não te permita navegar sem ter de pagar 10 pila por alguns minutos de conexão. Oras, como podem cobrar por algo que se tem de graça até nas praças? Bom, isso é São Paulo, alguém deve sustentar a cidade além dos postos de combustível e das torcidas organizadas. Melhor assim, fico sem e posso me concentrar nos estudos e nos vídeos do Summer Eletrohits 7... mentira, não posso ficar não. Nestas horas é que eu valorizo todos estes anos trabalhando com segurança da informação, não teríamos mercado de trabalho se todos configurassem bem seus dispositivos de conexão.
O dia de hoje não foi nublado, mas de certa forma também não choveu e muito menos teve sol. Estranho? Não, me disseram que aqui isso é normal, mas nem precisavam ter avisado, essa névoa eu já estou acompanhando desde Congonhas, espero que ela não se sinta a vontade comigo e tente voltar junto para Porto Alegre.
 
Na vinda para o hotel pude aproveitar a visão do mar de carros na marginal Pinheiros, com suas luzes de freio a todo momento ativas, quase se fundindo com as lanternas convencionais. Acho que o pedal do acelerador deve até sentir inveja do freio, de tanto que os motoristas paulistanos dão atenção a ele. Não sei porque não lançaram ainda o volante com freio, existem modelos que trocam as marchas no volante, como nos carros de Fórmula 1, quem sabe isso não seria mais útil? Outra idéia interessante é fazer carros onde a velocidade máxima não passe de cinquenta, pois é uma raridade andar acima disso por aqui. 

Ninguém tem essas idéias, não?

Diário Paulista I

Mais uma semana em Silent Hill, o cenário é simplesmente o mesmo de São Paulo... opa, acho que troquei as referências, na verdade Silent Hill foi inspirada no clima de São Paulo. Essa cidade triste e cinza onde pessoas sem rosto passam por mim de cabeça baixa, destruindo seus pulmões com o seu cigarro bombando fumaça como uma locomotiva a carvão, acelerando nas calçadas com presa de fugir dos prédios que as cercam, tensas, desconfidas e de poucas ou nenhuma amizade.

São Paulo me deixa triste, não pelas pessoas em si, mas pelas atitudes que elas tomam. Quer fumar? Conheço lugares ótimos e tu nem precisa acender um, basta ficar parado no saguão ou na frente de um prédio de escritórios da Avenida Paulista e pronto. A quantidade de pessoas que sai dos elevadores com o isqueiro numa mão e a caixa personalizada de cigarros na outra, de olhos esbugalhados e pernas trêmulas por aquele "prazer", é difícil até de contar. O que mais impressiona é a expressão facial após a primeira tragada... Se você nunca fumou basta imagine uma pessoa com a bexiga apertada, mas apertada mesmo (não vale para quem tem incontinencia urinária) e quando chega ao banheiro consegue se livrar do líquido todo, na medida certa. A sensação de alívio é indescritível. Quem fuma deve saber disso melhor do que eu e ainda deve dizer que é muito melhor.

Atitudes mostram o que uma pessoa é, mostram do que ela é capaz. Isso se vê a cada momento do dia, é automático, por mais que alguém finja ser bom um simples gesto fará com que a máscara caia. Sentar no banco dos idosos e fingir que dorme, não juntar o papel do chão ou jogar ele pela janela do ônibus, ignorar uma pessoa que caiu no chão após tropeçar, não desejar "saúde" para alguém que espirrou. Quantos atos são necessários para uma pessoa ser considerada boa? E quantos para considerá-la ruim? As pessoas de São Paulo não parecem ser medidas assim, elas simplesmente baixam a cabeça e avançam, me fazendo desistir de olhar para elas e sentir o que são. Talvez o que falte a elas é interagir com outras pessoas, pois nesta vida agitada não tem como fazer isso.
 
Sou um Observador, me alimento dos pensamentos alheios, sinto suas angústias, absorvo suas mágoas, desenvolvo imunidade aos sentimentos e acabo contaminado pela indiferença como as pessoas se tratam. É como estar em um mar de bolinhas vermelhas e verdes, mas as vermelhas são em tão grande número, que acabo por pensar que não há outra cor.