sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um dia nos disseram...


“Vocês crianças são o futuro do Brasil.” e aqui estamos nós, firmes nesta luta desigual, ouvindo o mesmo que foi dito aos nossos pais e com certeza repetiremos (ou muitos já repetiram) aos nossos filhos estas palavras dogmáticas. E na verdade fomos um dia o futuro deste país sim, hoje somos o presente, oriundos de um passado não tão glorioso em alguns pontos, porém forte em outros.

Só que esta semana li a reclamação de uma amiga/conhecida sobre a depredação de placas de seu candidato e partido, levemente acusando outros partidos de terem executado tal ação autoritária e desleal. Não foi bem assim, eu vi no meu bairro a depredação não apenas do partido dela, mas de outros, pelas mãos pequenas de crianças saindo da escola. Pedras e paus se transformaram de brincadeira de saída de escola para servirem de objetos do vandalismo. Não é um caso de intolerância partidária ou mesmo falta de democracia, mas de não saber o que estão fazendo. Será que de onde vieram (de casa, não da escola) tiveram algum ensinamento do que é certo ou errado? Será que alguém (seus pais) lhes mostrou o caminho a seguir, respeitando a opinião dos demais e principalmente respeitando a propriedade alheia?

Vou mais longe, alguém ensinou aos pais destas que é errado destruir propriedade privada? Que pedras e paus não devem ser usados como “brinquedo”? Que se passa na cabeça destas crianças e o que passará quando forem adolescentes (aborrecentes?), perambulando em bandos pelas ruas procurando o que fazer, já que o ensino não lhes permitiu desenvolver habilidades suficientes para conseguir um emprego (se é que querem um)?Não é só de educação que este país precisa, não é só bolsa família e Estatuto da Criança e do Adolescente que vão botar juízo na cabeça das pessoas, não é permitindo que adultos usem menores para cometer crimes já que são “intocáveis” e principalmente, não é de mais políticos cara-de-pau apertando a mão de seus novos aliados que antes eram conhecidos como adversários e dos quais cuspiam no chão ao ouvir seu nome pronunciado.

Eu acredito que o que esteja faltando mesmo é o ato de pensar. A lógica foi afundada pelo pensamento construtivo, não mais o criativo. Criativo? Isso é coisa de designer, arquiteto e decorador de interiores... não, àqueles que assim cogitarão são os que mais carecem de pensar. É a lógica, a criatividade e a pesquisa que nos fazem evoluir e diferenciar o que está certo e o que está errado. Se todos pudessem pensar de forma lógica e criativa, com certeza, a memória do povo seria tomada por recordações de nomes e ações que jamais deveriam se repetir ou ter a chance para tal. Falta a muitos o ato de juntar as peças do quebra cabeças e ver o quadro de forma inteira, não apenas um pedaço aqui e outro ali. 

Considere como pedaços aqui o seu próprio umbigo e outro ali como sendo seus interesses pessoais. Nossas ações afetam o universo ao nosso redor.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

E começou novamente...

Há duas épocas que realmente me desagradam devido ao comportamento humano, uma delas é o carnaval. Quem me conhece sabe que eu detesto as escolas de samba, seus enredos e principalmente a cobertura da Rede Globo. Só seria pior mesmo se o Galvão Bueno narrasse o desfile das escolas.

A outra época é a campanha eleitoral, não tanto pelo fato do povo sempre votar nos mesmos abutres que governam o país, ou por termos tão poucas opções que possam valer nosso voto, mas sim pelos hinos de campanha. Já não bastasse Michel Teló querendo cometer suicídio assim que pegar alguém, tenho de ouvir político incrementando (ou seria escrementando?) sua campanha com uma música sem graça na melodia do mencionado. Ou então música de festa infantil, sertanejo, gospel, hip-hop, tchê music, funk e até repentistas com o nome do candidato sendo cuspido nos meus ouvidos em pleno final de semana. Para piorar a situação liberaram a campanha na internet...

Quisera eu ter um filtro de lixo eletrônico nos tímpanos, já resolveria alguma coisa, mas e quem se salva quando os amigos nos enviam esse tipo de propaganda indesejável? O bom senso resolve. Se quiserem receber isso basta aceitar, se não quiserem reclamem. Uma amiga pediu a todos os demais que, se forem enviar esse tipo de material, criem um grupo no Facebook e joguem lá. Eu me adiantei, criei uma regra chamada Lixo Político no meu cliente de e-mail com a instrução clara de apagar assim que chegar. Com certeza não receberei e-mail de algum político me oferecendo dinheiro, cargo de confiança ou mesmo uma bolsa de estudos. Conheço alguns políticos, claro, quem não conhece? Só que a diferença é que sei onde eles moram, do que se alimentam e o que fizeram pelo povo. Não peço favores, exijo que se cumpram as promessas de campanha daqueles em quem votei, não me sinto a vontade de cobrar isso de quem eu não confiei, mas cobro de quem votou no eleito se não for o meu candidato.

Tanto o carnaval quanto a campanha eleitoral duram pouco, mas seus efeitos são duradouros e muito parecidos. Muitos foliões e candidatos não lembram o que aconteceu durante o período, o que explica não cumprirem promessas como casamento e emprego aos cabos eleitorais. As ruas ficam inundadas de suas sujeiras como confetes e santinhos, depois de cair no chão eles não tem dono e cabe à prefeitura limpar, afinal de contas pagamos os impostos da coleta de lixo urbana. Os cofres públicos ficam mais magros, pois em ambos os casos o governo patrocina boa parte do evento. Temos ganhadores e perdedores, eles trocam acusações, chutam o balde, esperneiam e depois dão um aperto de mão na frente das câmeras, pois é assim que funciona e ninguém sabe de que lado estará no próximo embate. Não podemos esquecer as máscaras, mas ao contrário do carnaval os políticos permanecem com elas por muito tempo até que alguém tire deles à força. E temos o povo! Sim, este grande espectador! Assiste a tudo eufórico, grita, torce, gasta seu dinheiro com objetos que mostrem de que lado ele está, come e bebe durante a festa e depois vê o barco passar... e começa tudo de novo.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nada é de graça


Uma rápida espiada nos argumentos da promotoria e da defesa sobre as cotas e é notável o grau de comprometimento entre as partes, principalmente com a eloquência da defesa em relatar que as cotas são na verdade o pagamento de uma pequena parcela da dívida que o Brasil tem com a população negra. Durante a votação alguns indígenas foram expulsos à força do tribunal porque exigiam que fossem incluídos dentro das cotas, afinal de contas o Brasil não tem dívida com eles também? Mas isso é assunto para outra coluna, o que me faz digitar nada mais é do que o assunto principal, as cotas e quem paga a conta.

Voltando ao passado, quando ocorreu a ocupação de Portugal ao até então desconhecido Brasil já havia habitantes destas terras, os índios. Foram assim chamados porque, pelo que me ensinaram na escola, os portugueses achavam que haviam chegado às índias. Depois de notarem que não estavam nas índias, decidiram manter o erro e não deram novo nome e este povo. Pra quê fazer isso, ninguém estava lá para se importar com essa questão. 

Depois vieram os negros, escravos, muitos e muitos mortos nas galerias dos navios negreiros, tanto de fome quanto de doenças. Doenças estas que não deveriam existir nas novas terras, mas como ela estava sendo ocupada, nada mais justo, do que trazer toda a bagagem da Europa para o novo continente. Muitos outros negros morreram tentando encontrar a liberdade e, de uma forma ou de outra, encontraram.

Após a abolição da escravatura os negros decidiram que não mais trabalhariam nas lavouras que tanto sofrimento trouxe ao seu povo, assim sendo, os portugueses trouxeram os italianos, alemães, açorianos e outros povos vieram de arrasto para o novo mundo. Detalhe, alguns destes povos também sofreram no regime imperialista com o trabalho escravo. Não com correntes, mas ficaram presos aos senhorios das fazendas com dívidas imensas e sem poder recorrer a ninguém. Não me lembro de existirem embaixadas naquela época e muito menos acordos bilaterais de comércio. Neste ponto o Brasil já estava andando com as próprias pernas (dos outros).

Séculos de história mostram um Brasil sanguinário, injusto com muitos povos, lutas desiguais, abusos de poder e autoridade, escândalos políticos, revoltas... o que é justo no Brasil? Quais são as verdadeiras dívidas do Brasil com os povos e com o seu povo? Não seria na verdade de Portugal a dívida original com os negros e índios? Que tipo de dívida será paga com o uso de cotas e bolsa-tudo-que-puder-ser-dado-para-ganhar-as-eleições? E o mais importante, quem está pagando as dívidas estas mencionadas? Quem é o Brasil!?

Eis a questão, ninguém está pagando coisa alguma! Sério. Todos estão pagando impostos, todos são assaltados, todos estão olhando o Jornal da Globo mostrando mais uma CPI que possivelmente vai dar em nada, todos estão reclamando, todos menos um seleto grupo de pessoas: os políticos de carreira. Todos os dias estão pagando dívidas uns dos outros, mas não estas dívidas históricas que alegam ser nossa responsabilidade. Essa dívida não existe, porque quem executou as ações passadas já não está aqui para respondê-las. É como cobrar a conta de um morto sem parentes e alegar que a culpa é do coveiro, porque foi o último a ter contato com o falecido.

As tais cotas não passam de placebo, pois o governo insiste em apagar chamas e ignora o foco do incêndio, o falho sistema de ensino público. Quais os motivos dos alunos de escolas públicas não conseguirem entrar na faculdade? São vários, nem vou citar, mas uma coisa é certa, há alunos que conseguem. O que estes alunos fizeram de diferente para conquistar essa vaga sem o uso de cotas? Dedicação, comprometimento, foco. Acredito que estes que conseguem não estão pensando em se tornar profissionais das passarelas ou jogadores de futebol, eles devem ter um objetivo na vida. Pode ser esta a solução, direcionar as crianças, antes mesmo da escola, para um objetivo de vida. Ensinar a respeitar os mais velhos os professores e as leis. Muitos professores perdem a vontade de ensinar, ou desistem e viram zumbis, porque não estão vendo os frutos do seu trabalho nas suas turmas. Salário melhor, mais recursos, isso é importante, mas não só isso. De que adianta uma Ferrari se vai andar nas estradas de chão do interior em dia de chuva?

Não precisamos de cotas, precisamos é ter um sistema de ensino público tão bom quanto das escolas particulares. Precisamos que o povo tenha educação de qualidade dentro de casa, que comece pelos pais. Precisamos olhar para o próprio rabo antes de sair criticando o dos outros e deixar de ficar reclamando e começar a agir. Conforme proferido por um dos ministros do STF as cotas são constitucionais, porém “não devem existir para sempre”. E o que limita o para sempre? Somos nós.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Duas perguntas e duas respostas


Durante uma palestra no meu curso técnico (algumas décadas no passado) fomos agraciados com a presença de um gestor financeiro do Banrisul e dois diretores da IBM do Brasil. O que eles tinham em comum num curso técnico de Processamento de Dados? Cada um respondeu a uma pergunta que mudou o rumo das minhas ações no futuro. Ouvir o que eles tinham a dizer foi como abrir portas secretas para nosso futuro, mas nem todos entenderam assim e, por isso, vários dos colegas que fizeram o curso técnico comigo simplesmente não atuam na carreira atualmente. Nos dias de hoje ainda lembro das respostas, pois elas ainda fazem sentido.

Que perguntas foram essas? Bom, “Os fins justificam os meios?” foi a questão para o representante do Banrisul, um homem de aproximadamente 40 anos, bem vestido em seu traje de tons cinza e de estatura mediana. Ele pôs as mãos no bolso e com sua calma, porém voz grave, respondeu:
- Não sei exatamente qual o foco da pergunta, mas acho que pelo teu tom de voz ela tem a ver com o aspecto pessoal mais do que com o profissional. Então vou responder com o foco profissional primeiro. Sim, justificavam, mas apenas se tu não te preocupares em dormir bem à noite. Essa expressão é comumente utilizada quando se faz algo ruim, mas com boas intenções ou com objetivos maiores do que beneficiar a si mesmo. O que posso dizer é que quando tu sobes alguém deve ficar embaixo para te sustentar, como uma escada. Que garantias tu tens de que quem está abaixo não usará dos mesmos artifícios ou justificativas para assumir o teu lugar ou tirar o que tens? Antes de fazer qualquer ação é melhor se certificar de que tens o respeito e o apoio dos teus colegas de equipe e assim não terás que olhar pra baixo, pois terás todos ao teu lado.
No aspecto pessoal, bom, pense da seguinte forma, cada pessoa tem atitudes e valores distintos. Quando inserido numa sociedade tu tens de assumir os valores dessa sociedade. Se não concordares então deve procurar outra que tenha os mesmos valores nos quais tu acreditas. Não te prenda a um lugar que tu sente que não é o teu e nem a pessoas que não agregam nada de positivo na tua vida.

Minha surpresa não parou por aí, porque a pergunta aos dois representantes da IBM do Brasil foi também sobre pessoas. Um colega estava muito chateado com o local onde estava estagiando e perguntou “Quando um funcionário faz um trabalho bem feito ele deve receber elogios ou premiações?”. Dois senhores de mais idade, diria uns 50 anos cada um, com trajes pretos e aspecto fúnebre, mas firmes nas palavras, se olharam e o que aparentava ser o de hierarquia superior levantou-se e sem pensar muito disse: Por que deveria? Ele é pago pra isso...

O auditório inteiro começou a se revirar, olhavam uns para os outros sem saber exatamente o que comentar ou que concordavam ou não. Alguns ficaram indignados ao ponto de levantar para sair e foi quando o representante sorriu e continuou:
- Quando fazemos um bom serviço em casa ou na escola é comum ganharmos um elogio, mas não ganhamos um salário para realizar aquela tarefa. Ou é uma necessidade ou algo que sentimos que precisávamos fazer e fazemos. Na carreira que escolher terá de cumprir metas e atingi-las não será algo mágico, mas o básico. Ninguém pode receber premiações ou elogios por fazer o básico. Imagine um vendedor, ele tem metas de vendas que precisam ser alcançadas. Ninguém sentou numa cadeira e pensou “Esse mês a meta será X, daí no mês que vem será Y”. Não é assim que funciona. Existe um planejamento, uma projeção de crescimento, um custo operacional e a necessidade de entrada de capital para que possamos seguir contratando e evoluindo. O vendedor pode não saber disso, mas a tal meta é a participação dele nesse planejamento. Se ele não cumprir a meta então teremos de reavaliar nossos planos. Se todos os vendedores não atingirem as suas metas então não há garantias de que a empresa possa investir ou mesmo continuar as suas atividades. Isso é uma visão corporativa, mas vale para a vida de vocês. Se os alunos decidirem que não vão mais pagar a escola, então a escola fecha. Se fechar, os funcionários terão de procurar outro emprego e os professores deverão lecionar em outro local. Até que eles possam achar outro emprego, quem vai pagar as dívidas deles? E se não conseguirem outro emprego? Isso é uma reação em cadeia, as lojas para as quais eles devem precisam receber, senão os funcionários delas não recebem... e essa cadeia vai longe. Eu não elogio funcionários por fazerem seu trabalho, não dou prêmios e nem mesmo crio expectativas. Digamos que o vendedor atinja 200% da sua meta, o que eu faço? Posso sim elogiar ele, mas não premiar, porque ele já recebe um salário por isso e mais as comissões. O mérito é dele, mas ele já recebe por isso. Posso ainda pensar que se ele atingiu o dobro da meta é porque ela foi subdimensionada. Nesse caso, se confirmado, no próximo período a meta dele será o que ele atingiu recentemente, porque ele tem capacidade pra isso. Se forem contratados para executar uma atividade, façam o que sabem fazer de melhor para cumpri-la, mas não esperem elogios por isso. Crianças sim precisam ser elogiadas para incentivar o seu desenvolvimento, mas depois de crescerem, devem saber que elogios engrandecem a alma, mas não sustentam a família.

Palavras duras vindas de alguém que precisava ser duro com as pessoas, pois não conhecia os seus nomes, seus rostos ou mesmo suas histórias. Elas estavam estampadas em gráficos estatísticos. Não posso culpa-lo por isso, somos da forma como fomos criados ou da forma como aprendemos a trabalhar. O que me faz lembrar que a vida corporativa é dura, mas não precisa que nossos corações sejam feitos de pedra. 

Sábias palavras do meu pai “Meus problemas do serviço ficam no serviço. Meus problemas de casa ficam em casa.”. Lido com pessoas tanto quando lido com máquinas, mas assim como brinco ao dizer que máquinas têm sentimentos, as pessoas também têm. Hoje dizemos que não temos funcionários, mas colaboradores. Não temos fornecedores, mas parceiros de negócios. Não temos mais que entrar e sair da empresa sem dar um sorriso, nosso serviço é nosso segundo lar se assim quisermos e pudermos tornar o ambiente mais agradável e humano. Décadas depois estas respostas ainda tramitam por meus pensamentos, pois formam meu caráter. Elas têm suas verdades e suas mentiras, basta saber qual parte delas aceitar como tal.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

#vamosjogarbolaecontinuaranalfabetos


Esta semana me vi obrigado novamente a assistir a programação da televisão aberta, mas não entrarei em detalhes sobre o motivo, mas surgiu um comercial sobre futebol, ou melhor, de como é importante continuar a jogar bola no Brasil. Um menino negro, com uma camiseta surrada e uma bola desgastada, correndo pelas ruas e finalizando com um gol. Apenas um banco privado fazendo um comercial incentivando o esporte? Não, apenas mais um que está tirando proveito da ingenuidade e burrice de todos. Mais uma vez é clara a preferencia do povo pelo esporte e não pela educação. Mas não qualquer esporte, um especialmente lucrativo e em evidência a muito tempo e que em 2014 vai terminar de afundar o país. Eu poderia ser menos agressivo, mas na verdade estou cheio de ver tanta hipocrisia na televisão e tão pouca vontade das massas de mudar. Não apenas na televisão, mas em tudo. É simples falar que uma coisa é boa para todos, mas sem lembrar-se do futuro ou no impacto que essa coisa terá na vida dos nossos filhos. 

Vamos jogar bola lá fora, depois querem reclamar que não tem emprego, que a saúde está ruim, que o governo não presta. Ora, atirar pedra é muito bom, mas vai ser vidraça para sentir como é. Vai desligar a televisão no final de semana, levanta a bund* do sofá e faça alguma coisa pelo futuro. Vai ler um livro, vai estudar, vai de verdade arregaçar as mangas e construir o futuro. 

Óbvio que há várias famílias desejando e sugerindo (ou seria adestrando?) seus filhos a se tornarem jogadores de futebol, modelos magérrimas, maria-alguma-coisa, playboy do crime, senador com ligações com bicheiros... Enfim, qualquer coisa que seja fácil (em termos, claro) e lucrativa. Esse tipo de comercial é mais um incentivo a largar a escola. Onde entram as profissões que exigem dedicação, comprometimento, humildade e cuidado com o próximo? Cadê os nossos futuros pediatras? Onde se formarão os nossos próximos engenheiros? Quem serão os nossos magistrados de amanhã? E quanto aos professores, quem estará capacitado a ensinar o que é necessário, ou melhor, quem quer ser um dos poucos capacitados do futuro?

Assim como surgem novas profissões devido às necessidades do mercado, outras estão sendo extintas. Algumas jamais poderão sumir, pelo menos acho isso. A internet está se tornando o conselheiro, professor, médico e companheiro (a) das pessoas no mundo todo, mas não é essa a saída. Quando não houver mais energia, quando a luz acabar, o que vão fazer? Acessar o Google? É o conhecimento e a experiência que fazem a diferença. Nossos filhos terão isso? Com certeza sempre haverá um campo de futebol para correr, mas o que devemos realmente nos perguntar é se haverá um livro para ler ou alguém com o mínimo de cultura para conversar.

E por último, mas não menos importante, o motivo pelo qual tenho um MP3 Player quando saio sem o carro: o que se ouve nas ruas, ônibus e trem é simplesmente descartável.