segunda-feira, 16 de abril de 2012

#vamosjogarbolaecontinuaranalfabetos


Esta semana me vi obrigado novamente a assistir a programação da televisão aberta, mas não entrarei em detalhes sobre o motivo, mas surgiu um comercial sobre futebol, ou melhor, de como é importante continuar a jogar bola no Brasil. Um menino negro, com uma camiseta surrada e uma bola desgastada, correndo pelas ruas e finalizando com um gol. Apenas um banco privado fazendo um comercial incentivando o esporte? Não, apenas mais um que está tirando proveito da ingenuidade e burrice de todos. Mais uma vez é clara a preferencia do povo pelo esporte e não pela educação. Mas não qualquer esporte, um especialmente lucrativo e em evidência a muito tempo e que em 2014 vai terminar de afundar o país. Eu poderia ser menos agressivo, mas na verdade estou cheio de ver tanta hipocrisia na televisão e tão pouca vontade das massas de mudar. Não apenas na televisão, mas em tudo. É simples falar que uma coisa é boa para todos, mas sem lembrar-se do futuro ou no impacto que essa coisa terá na vida dos nossos filhos. 

Vamos jogar bola lá fora, depois querem reclamar que não tem emprego, que a saúde está ruim, que o governo não presta. Ora, atirar pedra é muito bom, mas vai ser vidraça para sentir como é. Vai desligar a televisão no final de semana, levanta a bund* do sofá e faça alguma coisa pelo futuro. Vai ler um livro, vai estudar, vai de verdade arregaçar as mangas e construir o futuro. 

Óbvio que há várias famílias desejando e sugerindo (ou seria adestrando?) seus filhos a se tornarem jogadores de futebol, modelos magérrimas, maria-alguma-coisa, playboy do crime, senador com ligações com bicheiros... Enfim, qualquer coisa que seja fácil (em termos, claro) e lucrativa. Esse tipo de comercial é mais um incentivo a largar a escola. Onde entram as profissões que exigem dedicação, comprometimento, humildade e cuidado com o próximo? Cadê os nossos futuros pediatras? Onde se formarão os nossos próximos engenheiros? Quem serão os nossos magistrados de amanhã? E quanto aos professores, quem estará capacitado a ensinar o que é necessário, ou melhor, quem quer ser um dos poucos capacitados do futuro?

Assim como surgem novas profissões devido às necessidades do mercado, outras estão sendo extintas. Algumas jamais poderão sumir, pelo menos acho isso. A internet está se tornando o conselheiro, professor, médico e companheiro (a) das pessoas no mundo todo, mas não é essa a saída. Quando não houver mais energia, quando a luz acabar, o que vão fazer? Acessar o Google? É o conhecimento e a experiência que fazem a diferença. Nossos filhos terão isso? Com certeza sempre haverá um campo de futebol para correr, mas o que devemos realmente nos perguntar é se haverá um livro para ler ou alguém com o mínimo de cultura para conversar.

E por último, mas não menos importante, o motivo pelo qual tenho um MP3 Player quando saio sem o carro: o que se ouve nas ruas, ônibus e trem é simplesmente descartável.

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