Há duas épocas que realmente me
desagradam devido ao comportamento humano, uma delas é o carnaval. Quem me
conhece sabe que eu detesto as escolas de samba, seus enredos e principalmente
a cobertura da Rede Globo. Só seria pior mesmo se o Galvão Bueno narrasse o
desfile das escolas.
A outra época é a campanha
eleitoral, não tanto pelo fato do povo sempre votar nos mesmos abutres que
governam o país, ou por termos tão poucas opções que possam valer nosso voto,
mas sim pelos hinos de campanha. Já não bastasse Michel Teló querendo cometer
suicídio assim que pegar alguém, tenho de ouvir político incrementando (ou
seria escrementando?) sua campanha com uma música sem graça na melodia do
mencionado. Ou então música de festa infantil, sertanejo, gospel, hip-hop, tchê
music, funk e até repentistas com o nome do candidato sendo cuspido nos meus
ouvidos em pleno final de semana. Para piorar a situação liberaram a campanha
na internet...
Quisera eu ter um filtro de lixo
eletrônico nos tímpanos, já resolveria alguma coisa, mas e quem se salva quando
os amigos nos enviam esse tipo de propaganda indesejável? O bom senso resolve. Se
quiserem receber isso basta aceitar, se não quiserem reclamem. Uma amiga pediu
a todos os demais que, se forem enviar esse tipo de material, criem um grupo no
Facebook e joguem lá. Eu me adiantei, criei uma regra chamada Lixo Político no meu cliente de e-mail
com a instrução clara de apagar assim que chegar. Com certeza não receberei
e-mail de algum político me oferecendo dinheiro, cargo de confiança ou mesmo
uma bolsa de estudos. Conheço alguns políticos, claro, quem não conhece? Só que
a diferença é que sei onde eles moram, do que se alimentam e o que fizeram pelo
povo. Não peço favores, exijo que se cumpram as promessas de campanha daqueles
em quem votei, não me sinto a vontade de cobrar isso de quem eu não confiei,
mas cobro de quem votou no eleito se não for o meu candidato.
Tanto o carnaval quanto a
campanha eleitoral duram pouco, mas seus efeitos são duradouros e muito
parecidos. Muitos foliões e candidatos não lembram o que aconteceu durante o
período, o que explica não cumprirem promessas como casamento e emprego aos
cabos eleitorais. As ruas ficam inundadas de suas sujeiras como confetes e
santinhos, depois de cair no chão eles não tem dono e cabe à prefeitura limpar,
afinal de contas pagamos os impostos da coleta de lixo urbana. Os cofres
públicos ficam mais magros, pois em ambos os casos o governo patrocina boa
parte do evento. Temos ganhadores e perdedores, eles trocam acusações, chutam o
balde, esperneiam e depois dão um aperto de mão na frente das câmeras, pois é
assim que funciona e ninguém sabe de que lado estará no próximo embate. Não podemos esquecer as máscaras, mas ao contrário do carnaval os políticos permanecem com elas por muito tempo até que alguém tire deles à força. E temos
o povo! Sim, este grande espectador! Assiste a tudo eufórico, grita, torce,
gasta seu dinheiro com objetos que mostrem de que lado ele está, come e bebe
durante a festa e depois vê o barco passar... e começa tudo de novo.
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