terça-feira, 29 de abril de 2008

Tal como uma rocha

Nada melhor do que não ter coração, pois os sentimentos de despedida são tão simples de explicar como um pulo nas águas geladas onde afundou o Titanic, principalmente com o tal iceberg que estava lá olhado tudo como se não fosse culpa dele.
Neste ponto imagino quem é o Titanic, quem é o iceberg e quem são as pessoas na água... e não posso esquecer que além de pessoas na água há pessoas no barco que está afundando e ainda não decidiram se pulam ou se esperam mais um pouco. Pessoas que apenas prolongam o sofrimento, já que se despedem dos que pularam e não haverá ninguém para se despedir delas.

Qual dos elementos eu sou? Realmente gostaria de ser apenas a rocha, no fundo do oceano. Elemento este que não está no contexto do destino, está acostumado ao peso do mar, ao frio e à solidão. Passa o tempo a ver embarcações indo e vindo, encontros e desencontros entre icebergs e grandes navios que se achavam onipotentes, corpos sem vida e que muitas vezes já estavam mortos mesmo em vida, bastava alguém para lhes dizer a verdade. Uma rocha não tem vida, mas de que adianta ter se não poderia aproveitar a vida que tem.
Longa vida ao oceano! E longa vida é o que precisamos, mas apenas se formos seguir em frente sem desanimar com o destino que nos reserva tantas surpresas.

Um comentário:

Raquel Verardi disse...

Mesmo sendo sofrido, ainda acho valido que sejamos capazes de sentir.
E esse mesmo sentimento pode, quando se menos espera, se tornar apenas uma lembrança.
E só então teremos certeza de que realmente tudo valeu a pena.