quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mizaru, Kikazaru e Iwazaru

Entre minhas atribuições diárias criei o agradável e saudável hábito de ler artigos jornalísticos, de amigos e de outras fontes que considero interessantes, devo dizer que isso é muito gratificante. Mesmo antes de resolver ficar bem informado pela manhã eu já possuía outro hábito que considero saudável, ouvir boa música durante meu percurso até o serviço. Considerem que o termo boa música como algo exclusivo, pois cada um tem seu próprio gosto pela música e não vou entrar em conflito com ninguém. Lógico que este é um hábito mentalmente saudável, porem fisicamente falando, os meus tímpanos não gostaram da idéia.

E quais os motivos que me levam a ouvir música e não se relacionar com os demais a minha volta? Uma cotovelada de leve, uma piscada de olho e um sorriso acompanhados de um "Oi, será que chove hoje?". Não, esse não sou eu. Um ônibus cheio até o metrô, um metrô cheio até outro ponto de ônibus e finalmente mais um ônibus até o ponto onde desço para meu serviço, isso está mais parecido comigo. São aproximadamente 75 minutos de percurso ouvindo pessoas reclamando do horário que precisam acordar, do serviço que têm de fazer, dos vizinhos que brigam toda a noite, da família que não ajuda, do ônibus que está lotado e de tudo que for possível culpar pelos descontentamentos que possuem. Queriam todos ganhar na Megasena ou terem nascido em berço de ouro, passar o dia na rede e bebendo champagne... eu até gostaria que isso acontecesse, assim teriam mais poltronas livres pra mim e quem sabe nem precisaria mais ouvir música, poderia admirar a paisagem rural.

Decidi que é melhor procurar as coisas boas e manter distância das obscuras. Já deixei de conversar com pessoas queridas porque todos os seus assuntos eram desgraças e de certa forma elas conseguiram superar este vício e agora as conversas são mais cultas e cheias de alegrias. Uma das formas de manter a mente com saúde é bloquear a entrada de coisas ruins e então finalmente chego onde quero, os três macacos!

Mizaru (o que fecha os olhos)
Kikazaru (o que tapa os ouvidos)
Iwazaru (o que veda a boca)

Quem não conhece as estátuas destes símios? E quem conhece o significado? Com um pouco de paciência e pesquisa científica descubro que os três macacos são de origem japonesa e que nos alertam para “não ouvir o mal”, “não falar o mal” e “não ver o mal”. Incrível como estas três missões críticas de nossa existência podem ser consolidadas em uma gostosa atividade cultural, ouvir boa música. Na teoria estes ensinamentos levam a um mundo de paz e harmonia entre os homens (e mulheres).

E então? Alguém mais quer desligar a televisão, rasgar o Diário Gaúcho e desmarcar a Rádio Cidade da memória do dial? Eu faço minha parte por um mundo melhor.

Nota: O filme Planeta dos Macacos não leva em consideração estes ensinamentos.

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