quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vou ficar rico!


Estava a alguns dias atrás no casamento de uma amiga querida, mas nada me prepararia para o encontro da minha vida. Digamos que foi o encontro entre o meu presente e o futuro. Parece coisa de sonho, mas não foi, havia uma testemunha comigo e isso torna a coisa verdadeira.

Cheguei atrasado no casamento, alguns vários minutos, mas o suficiente para me sentir bem e feliz pela minha amiga. Do início do casamento, ou pelo menos a parte que eu peguei, até a saída da igreja se foram uns 30 minutos. Ao chegar no local onde deixei meu carro sou surpreendido por um ser de barbas grandes, roupas estropiadas, fala difícil e olhar perdido no céu. Ele balbuciou algumas coisas pouco perceptíveis ao ouvido humano, mas entendi algumas como “filha... aniversário... esposa... aniversário... doutor... bem guardado... doutor... aniversário...”. Creio que ele me confundiu com um médico e que a sua filha e a sua mulher estavam sofrendo de uma doença chamada aniversário, mas não sei se era mesmo isso. Olhando melhor consegui identificar o senhor, era Moisés (sem o cajado)!

No começo fiquei constrangido de ver aquela figura histórica, mas depois percebi que ele era amigo, queria me passar uma mensagem, principalmente por causa  daquela mão estendida com a palma aberta. Minha guria disse que era o guardador de carros e que era pra dar uns trocos pra ele, ora, não era essa a minha percepção, mas tudo bem. Como ela costuma sempre estar certa eu peguei algumas moedas da console do carro e entreguei a ele, afinal é o que eu tinha. Andar com dinheiro é muito perigoso hoje em dia. E não é que desta vez ela estava errada! Ele pegou as moedas, olhou fixamente para elas e começou a balbuciar palavras sem sentido com o tom mais elevado! Deveria ter ficado ofendido ao ser confundido com um destes flanelinhas que rodeiam a cidade em busca de dinheiro fácil. Fiz um movimento de retirar as moedas da mão dele, mas ele não deixou. Coloquei a mão para trás, na direção da carteira, e ele parou... e como ele parou eu não peguei a carteira! Perguntei se estava tudo bem e ele disse “Vai ficar rico doutor, vai ficar rico...” e depois falou de novo aquela sequencia de palavras sem sentido e correu atrás de outra pessoa que chegava no carro ao lado para sair. Fiquei pensando com meus botões, não de forma recíproca, no que o profeta Moisés acabava de me disser. Sorri, afinal de contas ficarei rico.

Fora isso me pergunto o que será que ele disse ao outro cara que saía? E mais, quanto deve estar cobrando um flanelinha por 30 minutos de estacionamento próximo às igrejas de Porto Alegre à noite... eles sim é que devem estar ricos.

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